Cresce exposição de jovens na internet
Texto: Hellen Silva
Considerada uma das maiores invenções do século XX, a internet hoje vem nos auxiliando nas mais diversas áreas do nosso dia a dia; seja na escola, trabalho, na busca por notícias ou, principalmente, como forma de entretenimento. Mas a internet não se limita somente a isto. Com a revolução das redes sociais, a internet vem redefinindo a comunicação entre as pessoas (e empresas), que passaram a poder se comunicar em tempo real, por um preço bem acessível, indiferente da distância física entre elas. Mas, apesar de todos esses benefícios que a internet pode trazer, devemos ficar atentos em como a utilizamos, principalmente quando se trata da publicação de assuntos pessoais na rede.
Considerada uma das maiores invenções do século XX, a internet hoje vem nos auxiliando nas mais diversas áreas do nosso dia a dia; seja na escola, trabalho, na busca por notícias ou, principalmente, como forma de entretenimento. Mas a internet não se limita somente a isto. Com a revolução das redes sociais, a internet vem redefinindo a comunicação entre as pessoas (e empresas), que passaram a poder se comunicar em tempo real, por um preço bem acessível, indiferente da distância física entre elas. Mas, apesar de todos esses benefícios que a internet pode trazer, devemos ficar atentos em como a utilizamos, principalmente quando se trata da publicação de assuntos pessoais na rede.
Confira essa matéria publicada no portal de notícias do Estado de Minas que mostra como a exposição de jovens (cada vez mais novos) à internet vem crescendo e, principalmente, os perigos decorrentes disso. Confira a matéria:
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Pesquisa com 4 mil adolescentes
revela que eles passam mais horas na rede e muitos mostram desejo de expor o
corpo até para desconhecidos
Ocimara
Balmant - O Estado de S. Paulo
Maria Rita Nunes até ganhou uma cadeira mais
confortável do pai para não sofrer de dores nas costas durante as cerca de seis
horas diárias que fica em frente ao computador de casa. Isso sem contar as
espiadas na internet do celular durante o intervalo das aulas no Colégio Santa
Maria. Não raro, ela troca o tempo de sono da madrugada para assistir a algum
vídeo publicado por um amigo ou para postar no Twitter. Afinal, foi por essa
ferramenta que ela conheceu uma de suas melhores amigas.
Aos 15 anos, a adolescente é o retrato do que
mostra a pesquisa Nós, Jovens Brasileiros, realizada pelo Portal Educacional,
que mapeou o comportamento de 4 mil estudantes de 13 a 17 anos, alunos de 60
escolas particulares de todo o País. Neste ano, foram os próprios jovens que
sugeriram as questões que, depois de selecionadas, compuseram o corpo do
questionário.
E, quando o assunto é internet, as descobertas
revelam desde questões mais objetivas - como o tempo de uso, que cresce ano
após ano - até temas bem mais delicados, como a disposição a se expor na rede.
Um dos dados mais preocupantes é o que mostra que,
do total de entrevistados, 6% deles já apareceram nus ou seminus em fotos na
rede e o mesmo porcentual já mostrou partes íntimas de seu corpo para
desconhecidos por meio de webcam. Além desses, outros 3% já pensaram em se
exibir dessa forma, mas não puseram isso em prática.
Destemidos
"Isso reforça a nossa percepção de que o jovem
acredita que a tela e a distância relativizam o risco do perigo", diz o
psiquiatra Jairo Bouer, parceiro do Portal Educacional. "Ou ele quer se
diferenciar e ganhar fama a qualquer preço, e para isso avalia que vale a pena
até mostrar o corpo, ou ele é inocente e acha que não é tão grave."
O caso narrado por Caio Cardoso Fossati, de 15
anos, aluno do Colégio 12 de Outubro, foi de completa ingenuidade, acredita
ele. Caio conta que um de seus amigos recebeu de uma paquera uma foto dela nua.
"A garota gostava dele e achava que era uma forma de atraí-lo." A
estratégia deu errado. Além de não se seduzir, o adolescente mostrou a imagem a
um grupo de amigos que a conheciam e o assunto virou piada. "Só não ficou
pior porque ela não sabe que todos nós a vimos daquele jeito."
Ivanna Castelli, de 13 anos e estudante do 8.º ano
do ensino fundamental, diz que várias de suas amigas se expuseram dessa forma.
"Algumas queriam aparecer e outras atenderam ao pedido do namorado. O
problema é que isso sempre espalha, e elas acabam se arrependendo."
Para Carmen Neme, professora do programa de
pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), essa
exposição é resultado da falta de controle dos impulsos sexuais, própria da
adolescência, com o imaginário, também típico da idade, de que estão acima de
qualquer risco. "O adolescente acha que nada vai acontecer, porque ele é
muito esperto."
O único antídoto a isso, explica, é a presença mais
atuante dos pais. Uma intervenção que não se limite a um código de conduta com
sites proibidos e permitidos, mas que subentenda mais tempo de convivência.
"O problema não é a internet. A questão é que os adolescentes estão
sozinhos. Nunca se viveu de maneira tão solitária como agora. Os pais estão
longe, e a internet parece suprir a ausência", diz Carmen.
Sem orientação, somem os limites. "Uma certa
rebeldia é tolerável, porque o adolescente que não se rebela não sai da
dependência familiar. Mas a rebelião tem de ser dentro de certos limites. Ele
pode questionar valores, confrontar, mas não pode perder o controle de
impulsos, destruir os vínculos."
Descuido
Se a questão não for cuidada em tempo, pode ser
tarde para que essa intermediação aconteça. O diretor do Colégio Mary, Cesar
Marconi, conta que com frequência chama os pais à escola para discutir os
limites dos filhos frente à internet.
O maior problema, por ali, é a queda do rendimento
por conta do cansaço. "Tem aluno que chega morrendo de sono, não consegue
se concentrar e, ao ser questionado, diz que não dormiu porque ficou na
internet a noite toda." Ao serem convocados, diz Marconi, oito em cada dez
pais dizem conhecer essa rotina. "Mas admitem que não conseguem mais
controlar."
Uma outra pesquisa divulgada nesta semana pela
Fundação Telefônica - o estudo mapeou o comportamento de crianças e jovens
frente às telas de computador, celular e televisão - mostrou que 58,6% das
crianças e 76,5% dos jovens acessam a rede sozinhos. O computador, revelou a
pesquisa, se localiza preferencialmente no quarto da criança (37,6%) ou do
adolescente (39,3%). Quanto à orientação, 31,7% dos jovens declararam que seus
pais não costumam fazer nada em relação às atividades que desenvolvem na
internet.
3 PERGUNTAS PARA...
Rosa Maria Farah, do núcleo de psicologia e
informática da PUC-SP
1. Como você avalia os resultados da pesquisa?
Esta geração é a primeira nativa digital. Se por um lado ela tem muita facilidade de acesso e habilidade no uso das ferramentas, por outro é muito jovem e sem preparo ou maturidade emocional para avaliar as consequências desse uso.
Esta geração é a primeira nativa digital. Se por um lado ela tem muita facilidade de acesso e habilidade no uso das ferramentas, por outro é muito jovem e sem preparo ou maturidade emocional para avaliar as consequências desse uso.
2. E quais as motivações para tanta exposição?
Necessidade de afirmação, de se sentir parte da comunidade. O antigo grupo do clube e do bairro ganhou versão virtual. Por mais que ele saiba o alcance disso, e ele sabe, é como se sentisse imune. E, em muitos casos, a exposição traz perigos maiores para o próprio autor, não para um terceiro qualquer.
Necessidade de afirmação, de se sentir parte da comunidade. O antigo grupo do clube e do bairro ganhou versão virtual. Por mais que ele saiba o alcance disso, e ele sabe, é como se sentisse imune. E, em muitos casos, a exposição traz perigos maiores para o próprio autor, não para um terceiro qualquer.
3. Mas o mundo virtual aumentou essa sede pela
exposição?
O jovem sempre teve essa curiosidade. Mas essa experimentação, no mundo presencial, tem determinado âmbito de repercussão, muito diferente do observado no mundo virtual. O mundo virtual não cria problemas psicológicos, ele coloca um foco. Não gera, ele potencializa. Da mesma forma que sempre se recomendou que os pais conhecessem os amigos dos filhos e soubessem onde eles estão, é preciso uma versão virtual. Não de forma policialesca, mas participativa.
O jovem sempre teve essa curiosidade. Mas essa experimentação, no mundo presencial, tem determinado âmbito de repercussão, muito diferente do observado no mundo virtual. O mundo virtual não cria problemas psicológicos, ele coloca um foco. Não gera, ele potencializa. Da mesma forma que sempre se recomendou que os pais conhecessem os amigos dos filhos e soubessem onde eles estão, é preciso uma versão virtual. Não de forma policialesca, mas participativa.
DICAS DO COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL
Precaução
Após uma informação ser propagada na internet, não há como controlá-la. E aquilo que era para ser uma brincadeira entre amigos pode ser acessado por outras pessoas e usado contra você, agora ou futuramente. Sempre considere que está em um local público, que tudo que divulga pode ser lido ou acessado por qualquer pessoa.
Após uma informação ser propagada na internet, não há como controlá-la. E aquilo que era para ser uma brincadeira entre amigos pode ser acessado por outras pessoas e usado contra você, agora ou futuramente. Sempre considere que está em um local público, que tudo que divulga pode ser lido ou acessado por qualquer pessoa.
Privacidade
Use as opções de privacidade oferecidas pelos sites. E seja o mais restritivo possível: mantenha o seu perfil e os seus dados privados, restrinja também o acesso ao seu endereço de e-mail, seja seletivo ao aceitar os seus contatos, tome cuidado ao se associar a grupos e a comunidades e não acredite em tudo o que você lê.
Use as opções de privacidade oferecidas pelos sites. E seja o mais restritivo possível: mantenha o seu perfil e os seus dados privados, restrinja também o acesso ao seu endereço de e-mail, seja seletivo ao aceitar os seus contatos, tome cuidado ao se associar a grupos e a comunidades e não acredite em tudo o que você lê.
Segurança
Cuidado ao divulgar fotos e vídeos, pois ao se observar onde eles foram gravados pode ser possível deduzir a localização. Não divulgue planos de viagens nem por quanto tempo ficará ausente da sua residência. Ao usar redes sociais baseadas em geolocalização, procure fazer check-in apenas em locais movimentados e, de preferência, ao sair.
Cuidado ao divulgar fotos e vídeos, pois ao se observar onde eles foram gravados pode ser possível deduzir a localização. Não divulgue planos de viagens nem por quanto tempo ficará ausente da sua residência. Ao usar redes sociais baseadas em geolocalização, procure fazer check-in apenas em locais movimentados e, de preferência, ao sair.
Respeito
Evite falar sobre os hábitos e a rotina de outras pessoas. Muitos optam por não usar redes sociais e, portanto, podem não gostar que você comente ou repasse informações sobre a vida delas. Não poste, sem autorização, imagens em que outras pessoas apareçam e não divulgue nada copiado do perfil de pessoas que restrinjam o acesso.
Evite falar sobre os hábitos e a rotina de outras pessoas. Muitos optam por não usar redes sociais e, portanto, podem não gostar que você comente ou repasse informações sobre a vida delas. Não poste, sem autorização, imagens em que outras pessoas apareçam e não divulgue nada copiado do perfil de pessoas que restrinjam o acesso.
Orientação
Se tiver filhos, oriente-os a não se relacionarem nem oferecerem informações pessoais a estranhos. Informe-os também a não divulgarem informações sobre hábitos familiares. Alerte-os sobre os riscos de uso da webcam e procure deixar o computador em um local público da casa. Por fim, respeite os limites de idade estipulados pelos sites.
Se tiver filhos, oriente-os a não se relacionarem nem oferecerem informações pessoais a estranhos. Informe-os também a não divulgarem informações sobre hábitos familiares. Alerte-os sobre os riscos de uso da webcam e procure deixar o computador em um local público da casa. Por fim, respeite os limites de idade estipulados pelos sites.
Ética
Aquilo que você divulga ou que é divulgado sobre você pode ser acessado por seus chefes e companheiros de trabalho, além de compor um processo seletivo futuro que você venha a participar. Logo, antes de divulgar uma informação, avalie se, de alguma forma, ela pode atrapalhar a sua carreira e evite divulgar detalhes sobre seu trabalho.
Aquilo que você divulga ou que é divulgado sobre você pode ser acessado por seus chefes e companheiros de trabalho, além de compor um processo seletivo futuro que você venha a participar. Logo, antes de divulgar uma informação, avalie se, de alguma forma, ela pode atrapalhar a sua carreira e evite divulgar detalhes sobre seu trabalho.
E se você pensa que a exposição de dados pessoais na internet é algo raro, exclusiva a pessoas inocentes e irresponsáveis que disponibilizam seus dados na internet, vale à pena assistir a essa matéria produzida pelo programa Fantástico, da TV Globo, e perceber que o perigo está mais próximo do que imaginamos.
Quer se interar mais sobre os cuidados que você deve tomar na internet? Confira o link de uma divertida cartilha da campanha "Se liga! Internet segura", desenvolvida pelo ilustrador Ziraldo, com dicas sobre segurança na rede.
Link:
www.educacional.com.br/especiais/campanhaetica/2011/cartilha/index.html
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